Wednesday, July 05, 2006

O vilão da copa

As crianças nascidas no final da decada de 80, começo da década de 90, deverão ter algum tipo de antipatia pelos franceses. Não que eles sejam o povo mais fácil de se gostar, com a sua aparente grosseria ou o seu jeito blasê (palavra deles mesmos), mas porque as vitórias sobre o Brasil nas copas de 98 e 2006 demorarão para serem esquecidas.

Para os mais velhinhos, ainda nos lembramos da desclassificação nos penaltis em 86, em que uma geração de ótimos jogadores brasileiros acabou sem ter nenhuma grande conquista. Mas, para chegar à Final da Copa da Alemanha, os “bleus” passaram por muitas adversidades.


Eliminatórias

Sem encontrar a melhor formação para o time, Domenech experimentava com Henry, Trezeguet, Wiltord e Cisse. Variou as formações entre o 4-4-2 e o 4-5-1 e enfrentou o futebol renovado de Suiça, Israel e República da Irlanda, além dos fracos times de Chipre e Ilhas Faroe.
Apesar do aparente favoritismo, os franceses chegaram a freqüentar a terceira e quarta posições de seu grupo. Domenech era duramente criticado, mas conseguiu uma façanha: trouxe de volta Zinedine Zidane e Lilian Thuram. A seleção cresceu nas eliminatórias e, apesar dos consecutivos empates com Israel e Suiça, contou com a combinação de resultados para se classificar para a copa do mundo em primeiro lugar do grupo.

Primeira Fase

A França saiu como cabeça de chave e pegou um grupo equilibrado, mas sem nenhum time de grande expressão no cenário internacional. Enfrentava novamente a Suiça, que se classificou na repescagem. Novo empate sem gols, em um jogo em que prevaleceu o conhecimento tático que cada time havia conquistado sobre o outro.
No segundo jogo encarou a quarta colocada da copa de 2002, Coréia do Sul. Enquanto o jogo trouxe alguma alegria para os franceses por um lado, já que Henry, recebendo bom passe no meio da defesa coreana, pode marcar o primeiro gol francês em copa desde a final de 98, trouxe também tristeza, com o empate perto do final do jogo numa atrapalhada saida de Barthez: Park conferiu. Zidane ainda levou o segundo cartão amarelo e não jogaria a última partida da fase de grupos, podendo ter se despedido do futebol neste jogo. Abidal também estava fora com o segundo amarelo.
A França garantiria sua classificação numa vitória por mais de dois gols sobre a seleção de Togo. Entrou em campo usando novamente o 4-4-2 dos dois primeiros jogos, mas sem Zidane. Trezeguet e Silvestre entravam pela primeira vez como titulares. Apesar do aparente domínio da partida, os gols tardaram a sair. A pressão e o nervosismo francês aumentaram com o passar do tempo. Desespero que só passou com o gol de Vieira aos nove minutos do segundo tempo. Pouco depois, Vieira encontrou Henry que marcou o segundo gol, sacramentando a passagem para a segunda fase da competição.3



Oitavas de Final

Num dos maiores clássicos da rodada, os azuis enfrentaram a fúria espanhola. Amplamente favorita, respaldada pela boa campanha na fase de grupos, a Espanha começou o jogo com o 4-3-3 que havia feito dela o melhor ataque da competição ao lado de argentinos e alemães. Já os franceses começaram um pouco mais cautelosos e aumentando a produtividade do meio de campo com um 4-5-1, usado por eles pela primeira vez no mundial.
Apesar de criar algumas boas situações, eram os espanhóis que mandavam no jogo, enquanto os franceses se preocupavam mais em sair em rápidos contra ataques. O aparente domínio do jogo foi confirmado com um penalti a favor dos espanhóis e convertido por David Villa. Com o 1 a 0 no placar, a Espanha cedeu espaço e a França se aproveitou disso para empatar, no final do primeiro tempo, com Ribery.
O segundo tempo continuou equilibrado até que Vieira apareceu na segunda trave, aos 37 minutos, para marcar de cabeça. Desesperados, a seleção espanhola atacou e deixou um buraco em sua zaga, devidamente aproveitando por Zidane, em uma exibição de gala, arrancou e confirmou. 3 a 1 e passagem para enfrentar a seleção brasileira nas quartas de final.

Quartas de Final

Brasil e França. 8 anos depois.